Anuncio 1

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

O Assassino da Vizinhança

Eu estou com medo, muito medo, a polícia está na minha casa. Há alguns meses vem acontecendo coisas estranhas na rua onde eu moro.
Tudo começou há algumas semanas, a nossa rua fica localizada na periferia da cidade, e a minha casa fica no final da rua, praticamente a última casa. A convivência entre a vizinhança era aceitável, todos se conheciam, todos se falavam, nossos filhos brincavam juntos todos os dias com todas as crianças desse lugar, existia apenas uma pessoa que odiava todo mundo. O senhor Bhaal, ele nunca foi um bom vizinho, ninguém o conhecia direito pelo fato dele quase nunca sair de sua casa, ele era o típico vizinho rabugento, tinha em volta de cinquenta anos, sem cabelo algum, e vivia brigando e usando o fato de ter servido ao exército como desculpa para conseguir respeito impondo medo às pessoas, não gostava de música alta, não gostava de ver as crianças brincando em frente a sua casa, não gostava de ninguém, mas, apensar das desavenças que todos tinham com ele, a vizinhança continuava sendo um lugar agradável de viver, até que tudo começou. Era o aniversário de Ector, filho dos Whispers, não éramos muito amigos, mas era tradição todos da rua serem convidados, inclusive o velho Bhaal, embora todos nós soubéssemos que ele nunca iria, as crianças brincavam enquanto nós, os pais, conversávamos sobre política e outros assuntos do dia-a-dia. – O Senhor Bhaal está vindo. Foi o que uma das crianças gritou, ficamos pasmos e ao mesmo tempo felizes por ver que o velho deixou o orgulho de lado e estava vindo se juntar a nós, terrível engano. O velho chegou junto a mesa de bebidas, pegou um copo cheio de refrigerante e sem falar nada com ninguém foi até o som e derramou a bebida sobre os cabos do aparelho.

-Mas que merda! Gritou Rafael, pai de Ector e anfitrião da festa. O velho não falou nada, e mesmo com os berros do homem que estava bravo por ele ter acabado com a festa de seu filho, ele continuava andando em direção a calçada, o jovem Ector parou em frente ao velho e perguntou o porquê de ele ter feito aquilo, até que aquele velho fez algo que irritou todos os pais que estavam assim, se tornando ainda mais odiado por todos a partir do momento em que ele encostou sua mão no rosto do garoto, o dando um tapa em sua boca. Rafael, eu e todos os outros partimos para cima do velho, e a confusão havia começado, não demorou muito para a polícia chegar, o velho foi preso, mas antes disso, pela primeira vez, nós o vimos abrir a boca. –Vocês vão todos pagar pelo que fizeram seus porcos! Nós, passamos aquela noite na cadeia, ganhamos a liberdade na manhã seguinte, enquanto o velho ficou lá, ele voltou para sua casa, dois dias depois.

Após aquele dia, mesmo com o conflito tendo sido resolvido, ninguém daquela rua falava de mais nada além daquela confusão, enquanto ao velho, ele não dava mais as caras, nem ao menos ligava as luzes de sua casa a noite, era algo muito estranho, mas esse não foi o verdadeiro problema, tudo começou de verdade quando o ataque aconteceu na casa dos Whispers, a casa deles era a primeira da rua, todos foram acordados no meio da noite pelas chamas que consumiram a casa deles durante a madrugada, vimos a casa de um dos nossos vizinhos tomada pelo fogo, todos nós ficamos assustados. Os bombeiros apagaram o fogo, eles disseram que todos ali haviam morrido carbonizados pelo fogo, a autopsia definiu o incêndio como acidental, e o caso foi deixado de lado, mas nós sabíamos que não foi um mero acidente, mas sabíamos que por mais que odiássemos o velho Bhaal, não poderíamos acusa-lo de algo assim, pelo menos não até aquele momento.




Exatamente duas semanas depois a casa dos Smith também foi atacada, eles se prepararam um dia antes para dar uma festa, pois a Ellen estava gravida, na noite seguinte a festa, os corpos dos dois foram encontrados mortos no próprio quarto, Ellen estava com a barriga aberta e suas tripas de fora enquanto Tom havia se enforcado no centro do quarto, pendurado ao ventilador de teto, a autopsia novamente declarou que o homem havia matado a mulher, pois havia digitais dele no corpo dela e logo após, se matado como meio de fugir da merda que fez. Poderia mesmo ser apenas coincidência? Dois ocorridos trágicos assim? Afinal, é como eu disse, todos ali tinham uma boa vida embora morássemos na periferia. O caso piorou assim que a casa de Thomas foi atacada, um jovem de 19 anos que fazia faculdade de Administração e vinha morando de aluguel ali durante 3 anos, apesar de ocupado ele tinha um bom relacionamento com todos nós. Thomas foi encontrado morto em seu banheiro, pelo que haviam falado, ele havia escorregado e batido a cabeça. Dois casos de morte pode ser coincidência, mas três, não poderíamos mais aceitar isso.

Todos nós se reunimos com os policiais, falamos do incidente acontecido com o velho Bhaal, e por mais que as mortes tenham sido justificadas, continuávamos acusando o velho, por pressão, a polícia decidiu checar a situação, nós chamamos pelo velho diversas vezes, até que não restou opção alguma, a não ser o arrombamento, entramos na casa, mas, o velho não estava, não havia sinal do velho, a casa estava suja, como se ninguém morasse mais ali. Eu não dormi após essa noite, e o pior viria a seguir, os policiais notaram que os assassinatos aconteciam em uma determinada ordem, primeiro os Whispers, a primeira casa da rua, depois os Smith, segunda casa, Thomas, terceira casa. De acordo com a lógica a casa dos Rubens era a próxima, eles decidiram sair da cidade até que tudo se resolvesse, foi o que fizeram, ou o que acharam que fariam, havia acontecido um acidente, na rodovia que levava para fora da cidade, o carro deles havia colidido com um caminhão, os freio foram cortados, e mais uma família havia sido assassinada, os Rubens moravam do meu lado, na lógica, eu seria o próximo.




Os policiais vem com frequência até aqui e rondam a vizinhança durante toda a madrugada, já fazem 3 semanas. Recebi a visita do delegado e de um investigador, a situação estava fora do controle, eles estão aqui agora, na sala de estar, conosco, tentando nos acalmar, mas isso não vai acontecer até que eles saiam daqui, afinal eu preciso alimentar o velho no meu porão, ele está a dois dias sem comer, além do mais, ainda falta o outro lado da rua.


Autoria: Thayy Pantrigo

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Postagem mais recente Postagem mais antiga Página inicial